Em 2004 fui diagnostica com artrite reumatoide. Uma doença autoimune
e que não tem cura. O tratamento é apenas para retardar suas complicações e
para que quem sofre com isso possa ter uma vida com mais qualidade.
Imediatamente ao receber esse diagnóstico procurei me
informar para que esse mal não me pegasse de surpresa com suas consequências.
Comecei então o tratamento com o acompanhamento do
especialista. Não é fácil de repente você começa a ganhar peso, se torna
irritada por qualquer coisa, perde o sono e o apetite. Travava então uma luta
diária: as medicações e seus efeitos colaterais.
Por quatro anos fiquei afastada do serviço recebendo da
previdência social o auxílio-doença até que em uma perícia o médico me deu
alta: já estava apta para voltar ao trabalho. A alegria da alta se transformou
em transtorno quando imediatamente ao meu retorno a empresa fui demitida.
Senti que ali começa um pesadelo. Se a empresa não me aceita
com esse diagnóstico como outras empresas aceitarão?
Os exames feitos a cada dois meses apontavam melhoras em uns
pontos e inflamações em outros. Muitas vezes precisei e ainda preciso tomar
injeções para a dor.
Fui convocada em agosto deste ano para uma nova perícia (pente
fino da Previdência social). Um perito grosseiro que não teve o trabalho de uma
conversa para saber sobre o meu estado de saúde, apenas consultou alguns
exames, apertou onde dizia que doía. Pasmem, foi constatado que estou apta a
voltar ao mercado de trabalho. Mas, como assim? Não aceitei o resultado e mais
uma vez marquei nova perícia. Novo médico, a mesma maneira imparcial de avaliar
o paciente. Novo fracasso. Estou realmente apta para voltar ao mercado de
trabalho.
Fiquei então pensado: será que esses médicos peritos se
tivessem uma empresa me empregariam sabendo das minhas limitações? Claro que
não.
Quando sabemos que uma celebridade tem essa ou outra doença
autoimune, fala-se em todos os telejornais, nas redes sociais. Se tornam referência.
E eu, como fico?
Gostaria que alguém me respondesse a seguinte questão: será que preciso estar com muitas
deformidades nas mãos e pés para ser considerada incapaz ou a falta de coordenação
motora, dormência nas mãos, tato comprometido e dores fortes que me tiram o
sono são apenas meros detalhes?
Agora com 54 anos, com artrite reumatoide estou à procura de
emprego. Com tanta concorrência acho que tenho grandes chances.
Uma coisa eu tenho certeza: o governo deve estar soltando
fogos, está conseguindo tirar um salário mínimo dos trabalhadores doentes para
encher os cofres dos nossos políticos para pagarem por suas mordomias.
Fica o meu desabafo.
Márcia Coutinho
0 comentários:
Postar um comentário