Salpicando Ideias

Opinião, discussão sobre temas polêmicos e atuais.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

FICA A MINHA INDIGNAÇÃO .


Em 2004 fui diagnostica com artrite reumatoide. Uma doença autoimune e que não tem cura. O tratamento é apenas para retardar suas complicações e para que quem sofre com isso possa ter uma vida com mais qualidade.

Imediatamente ao receber esse diagnóstico procurei me informar para que esse mal não me pegasse de surpresa com suas consequências.

Comecei então o tratamento com o acompanhamento do especialista. Não é fácil de repente você começa a ganhar peso, se torna irritada por qualquer coisa, perde o sono e o apetite. Travava então uma luta diária: as medicações e seus efeitos colaterais.

Por quatro anos fiquei afastada do serviço recebendo da previdência social o auxílio-doença até que em uma perícia o médico me deu alta: já estava apta para voltar ao trabalho. A alegria da alta se transformou em transtorno quando imediatamente ao meu retorno a empresa fui demitida.

Senti que ali começa um pesadelo. Se a empresa não me aceita com esse diagnóstico como outras empresas aceitarão?

Resolvi entrar com recurso e com uma ordem judicial fiz uma nova perícia. Por mais dez anos continuei assídua em meu tratamento, vendo dias melhores e tantos outros com dores e nódulos reumáticos aparecendo. A cada dia um novo desafio, pés, mãos, joelhos e articulações inflamadas, inchadas e com dores constantes.

Os exames feitos a cada dois meses apontavam melhoras em uns pontos e inflamações em outros. Muitas vezes precisei e ainda preciso tomar injeções para a dor.

Fui convocada em agosto deste ano para uma nova perícia (pente fino da Previdência social). Um perito grosseiro que não teve o trabalho de uma conversa para saber sobre o meu estado de saúde, apenas consultou alguns exames, apertou onde dizia que doía. Pasmem, foi constatado que estou apta a voltar ao mercado de trabalho. Mas, como assim? Não aceitei o resultado e mais uma vez marquei nova perícia. Novo médico, a mesma maneira imparcial de avaliar o paciente. Novo fracasso. Estou realmente apta para voltar ao mercado de trabalho.

Fiquei então pensado: será que esses médicos peritos se tivessem uma empresa me empregariam sabendo das minhas limitações? Claro que não.

Quando sabemos que uma celebridade tem essa ou outra doença autoimune, fala-se em todos os telejornais, nas redes sociais. Se tornam referência. E eu, como fico?
Gostaria que alguém me respondesse a seguinte questão:  será que preciso estar com muitas deformidades nas mãos e pés para ser considerada incapaz ou a falta de coordenação motora, dormência nas mãos, tato comprometido e dores fortes que me tiram o sono são apenas meros detalhes?

Agora com 54 anos, com artrite reumatoide estou à procura de emprego. Com tanta concorrência acho que tenho grandes chances.

Uma coisa eu tenho certeza: o governo deve estar soltando fogos, está conseguindo tirar um salário mínimo dos trabalhadores doentes para encher os cofres dos nossos políticos para pagarem por suas mordomias.

Fica o meu desabafo.

Márcia Coutinho


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