Velho Chico, com sua águas passeiam por terras secas, pelo verde das encostas, pelas pedras, pelo perigo, pelo olhar do homem.
Vem com seus olhos atentos percebendo o quanto encanta, o quanto ainda é um objeto de desejo pelo homem.
Vem de maneira contínua contando histórias,
vem ouvindo gritos de socorro,
gargalhadas de contentamento,
choro de emoção,
agradecimento pelo alimento do seu povo.
Ah! Velho chico! Como idoso que vê sua juventude se despedindo, mesmo vendo suas águas diminuindo ainda luta bravamente para não morrer.
Ouve lamentos do homem consciente que tenta acordar uma nação sobre a sua decadência, enquanto o homem ambicioso destrói seu leito, polui suas águas, desfaz seu percurso.
À noite parece que o Velho Chico aproveita o silêncio para entoar com suas águas o canto de socorro. Para alguns uma música para os ouvidos, acalento, uma canção de ninar.
Para outros um murmúrio de lamento.
Para muitos a dor na consciência.
Não podemos deixar calar o grande contador de histórias que a cada seca ressurge como uma lição de sobrevivência à ganância do homem.
Velho Chico, que por muito tempo me abraçou em suas águas e hoje recordo com saudades desse tempo.
Vamos abraçar essa causa: o Velho Chico não pode morrer!
Márcia Coutinho
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