Ao ligar o rádio logo ao amanhecer, bem cedinho,
tocava uma música muito bonita, daquela que faz lembrar um cafezinho fresquinho
com biscoito frito de polvilho, que nos remete a um tempo onde a felicidade era
tão fácil de ser alcançada, quando eu ainda não tinha preocupações nem
responsabilidades.
Quando acabou aquela música, tive uma grande
surpresa pois a música era uma homenagens as avós que como sábias pessoas estão
sempre dispostas, acordam cedo, fazem o café e começam logo na “lida”(trabalho).
Pensei na coincidência, pois pensei em minha vó
materna quando ouvi aquela canção. Pessoa de uma simplicidade de vida e de
alma. Não tinha conforto, tinha tão pouco e sabia ser feliz com o que tinha,
criou seus filhos tão bem criados sempre ensinando o respeito e a não cobiçar o
que era dos outros.
Chegar na casa da minha vó era o mesmo que criar
asas, ter liberdade, tirar o chinelo e correr descalça no grande quintal, subir
nas árvores, chupar manga, brincar. Lá não tinha muro, tinha uma cerca de arama
com bambus para que as galinhas não fugissem. Lá eu respirava uma sensação tão
grande de “viver e ser criança”.
Minha vó tinha o prazer de ir para o seu fogão a
lenha preparar o almoço, por mais simples que fosse era de um sabor
inigualável. O papagaio na cozinha brigava, ficava tagarelando pois tinha ciúme
da atenção que recebíamos. Água no pote, luz de lamparina, carinho da vó, tudo
em um tempo que ficou para trás.
Assim como viveu na simplicidade ela também nos
deixou sem alarde, deixou tristeza e uma dor chamada saudade.
Você que ainda tem sua avó, curta bem cada
instante ao lado dela para que um dia possa ter orgulho de ter vivido esta
experiência chamada casa da vovó.
(Minha Vó Nica partiu a muitos anos, porém o momento para lhe fazer esta homenagem chegou hoje. A sempre um tempo certo para tudo,)
Márcia Coutinho
0 comentários:
Postar um comentário