Salpicando Ideias

Opinião, discussão sobre temas polêmicos e atuais.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

SAUDADE TEM NOME

                                                   

             
                     Ao ligar o rádio logo ao amanhecer, bem cedinho, tocava uma música muito bonita, daquela que faz lembrar um cafezinho fresquinho com biscoito frito de polvilho, que nos remete a um tempo onde a felicidade era tão fácil de ser alcançada, quando eu ainda não tinha preocupações nem responsabilidades.
                     Quando acabou aquela música, tive uma grande surpresa pois a música era uma homenagens as avós que como sábias pessoas estão sempre dispostas, acordam cedo, fazem o café e começam logo na “lida”(trabalho).
                     Pensei na coincidência, pois pensei em minha vó materna quando ouvi aquela canção. Pessoa de uma simplicidade de vida e de alma. Não tinha conforto, tinha tão pouco e sabia ser feliz com o que tinha, criou seus filhos tão bem criados sempre ensinando o respeito e a não cobiçar o que era dos outros.
                     Chegar na casa da minha vó era o mesmo que criar asas, ter liberdade, tirar o chinelo e correr descalça no grande quintal, subir nas árvores, chupar manga, brincar. Lá não tinha muro, tinha uma cerca de arama com bambus para que as galinhas não fugissem. Lá eu respirava uma sensação tão grande de “viver e ser criança”.
                     Minha vó tinha o prazer de ir para o seu fogão a lenha preparar o almoço, por mais simples que fosse era de um sabor inigualável. O papagaio na cozinha brigava, ficava tagarelando pois tinha ciúme da atenção que recebíamos. Água no pote, luz de lamparina, carinho da vó, tudo em um tempo que ficou para trás.
                     Assim como viveu na simplicidade ela também nos deixou sem alarde, deixou tristeza e uma dor chamada saudade.
                     Você que ainda tem sua avó, curta bem cada instante ao lado dela para que um dia possa ter orgulho de ter vivido esta experiência chamada casa da vovó.

                     (Minha Vó Nica partiu a muitos anos, porém o momento para lhe fazer esta homenagem chegou hoje. A sempre um tempo certo para tudo,)

Márcia Coutinho

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