De repente me veio uma vontade de visitar o meu passado. Queria
saber até onde consigo viajar.
Peguei meu melhor traje e junto com minha mala vazia comecei
a vasculhar cada canto da minha memória. Não procurei por atalhos, quis ir a
cada lugar que marcou a minha vida. Precisava rever a minha história, cada fato
precisava ganhar uma nova versão.
Não é porque houve fracassos que minha história não tenha
valido a pena, muito pelo contrário, essas quedas me fortaleceram e mostraram o
quanto eu sou guerreira, não desisti, mas sim, aprendi a vencer.
Eu não queria que nas minhas memórias ficassem registradas
apenas coisas boas, precisava passar a limpo todas as histórias inacabadas;
qual a minha surpresa? Eu vivi plenamente tudo que a vida me ofereceu. Não tenho
o que me arrepender, fiz certo ou errado, mas fiz. Não precisei ficar apagando
as minhas memórias. Cada uma foi guardada com carinho, como se fosse um
presente.
Talvez por isso as lágrimas que derramei foram de saudade,
saudade de um tempo bom onde vivi com alegria. Onde não me arrependi de nada. Saudades
dos tropeços, das gargalhadas e de cada aprendizado.
Mesmo estando vivendo uma fase ruim, cuidando de reverter
esse quadro de depressão, sei que essa angústia, essa tristeza será apenas uma
fase difícil que passará, mesmo assim entrará em meu livro de memórias como uma
batalha difícil que vencerei.
Assim eu acredito.
Márcia Coutinho
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