Entender a tristeza do outro é muito difícil. Pior ainda é quando essa tristeza escorre pelos olhos sem rumo, sem motivos aparente, apenas se perdem pelo rosto.
Pensar que alguém quer chamar a atenção com sua tristeza, é covardia. É preciso entender que nem todos conseguem conviver com seus monstros interiores. Muitas vezes se torna uma guerra sem fim, uma luta diária para se livrar de um tormento que se chama depressão.
Quantas vezes me vi perdida. Não sabia o que estava me acontecendo. Queria respostas para perguntas que nem sabia formular. Só sabia que algo não estava certo. Minha vida tinha se transformado em um mundo escuro; sem brilho ou cor.
Havia perdido a vontade de sorrir. Minha alegria que antes era contagiante passou a ser procurada em todos os cantos. Onde eu me perdi?
O que me levou a me trancar, a não querer sair do meu canto?
Aos poucos, sem perceber eu pedia ajuda através do meu olhar. Estendia minhas mãos. Precisava mostrar que havia me perdido pelos caminhos da vida.
Meu grito de socorro foi atendido. Meus amigos vieram até mim, eu havia encontrado um novo motivo para seguir: eu não estava sozinha.
Passei por uma fase de transformação. De um dia nublado para um amanhã ensolarado, as cores começaram a ganhar vida.
Está sendo um caminho longo, com sua baixas, precisei de medicação, terapia e muito apoio.
Sei que depressão não tem cura. Tem fases onde sentimos que estamos voltando a viver, outras onde a tristeza bate de leve à sua porta.
Venho lutando. Eu já passei pela pior fase. Agora é não deixar que a depressão faça morada de novo, com a força que teve um dia, em minha vida.
Márcia Coutinho
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