Um certo dia, olhei-me no espelho, reparei que o tempo está
passando para mim também. Já não vejo mais a juventude naquele reflexo. Tudo
bem, estou envelhecendo como tantas pessoas.
Procurei olhar dentro dos meus olhos e encontrar aquela
pessoa jovem, cheia de sonhos. Depare-me com alguém madura, consciente e feliz.
As rugas estão ali para mostrar que a experiência me fez
mais forte, mais centrada, não menos calejada pelas decepções. Enfrentei batalhas
que pensava não conseguir me reerguer. Estou mais firme do que antes.
Foram os anos que me proporcionaram saber o momento certo de
chorar, me debater. Confrontei com pessoas medíocres, hipócritas, falsas. Estou
tirando de letra essas pessoas da minha vida. Elas nada acrescentam, apenas me
mostram como podemos nos enganar.
Os cabelos brancos anunciam a nova fase. O cansaço, as dores
que se tornam mais frequentes. Só conseguem ser felizes as pessoas que no avançar
dos anos driblam as doenças, convivem com o a expectativa do dia de amanhã.
Não me arrependo por ter feito tantas escolhas que muitas
vezes precisei fazer, tirei do meu convívio aquelas pessoas que sem razão um
dia se aproximaram, não fazem falta nenhuma. Aquela pessoa ali refletida nada
mais é do que o símbolo dos sonhos realizados, a promessa de novos passos, o
avanço para grandes conquistas.
Estou envelhecendo sim, mas ainda consigo ser importante
para tantas pessoas. Não tenho nada a lamentar, mas sim tenho tanto para
compartilhar.
Nem todos tem o privilégio de chegar onde cheguei.
Márcia Coutinho
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