Pensava que após o paciente procurar um especialista e começar o tratamento, a melhora logo aconteceria.
Grande engano. O médico é apenas o primeiro de muitos passos. O percurso é longo e cheio de altos e baixos.
O paciente, o qual me refiro, está vivendo momentos de medo. Mas... medo de que? De tudo e de nada.
Se esconde do mundo trancando em seu quarto.Isso mesmo, Agora tem o seu quarto, seu mundo onde ouve suas músicas para relaxar e fazer suas orações.
Nesse seu momento recluso, esconde de si mesmo, não encontra suas respostas, Cria seus próprios fantasmas.
Entrar nesse universo cheio de mistérios e interrogações não é fácil e muitas vezes encontro a porta trancada. Muitas vezes sinto que estou intrometendo, incomodando. Minha presença parece ser uma afronta. É um sofrimento dos dois lados. Sinto uma impotência crescente por nada poder fazer. Tenho tentado me aproximar, mas não é o suficiente.
Quantas vezes preciso também me afastar, procurar equilíbrio. Quem sabe assim descubro um caminho como ponto de partida.
Hoje foi mais um dia difícil. Mesmo sabendo que ele não quer convívio social, ele até tentou, mas não conseguiu. Se trancou no primeiro quarto que encontrou e lá ficou dormindo enquanto o tempo passava. Depois voltou para seu canto.
Eu? Fiquei assistindo de longe. Quando me chamou para conversar apenas disse: _ Tenho medo. Nada disse, apenas apertei suas mãos e com o olhar respondi: _ estou com você. conte comigo.
E a vida continua seguindo seu caminho. Não sei o que virá amanhã, nem mesmo o que pode acontecer daqui a pouco.
A depressão é assim mesmo: tem os seus dias de melhoras e de piora. Sempre apresenta uma novidade e fica a esperança de uma cura em breve.
E que Deus nos ajude.
Márcia Coutinho
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