Às vezes a vida nos esfrega na cara algo tão marcante que
não tem como não mencionar. Até parece coisa do destino: colocar um problema
grave visto com olhos de mãe.
Vou tentar ser clara e mostrar como vejo um problema tão
grave e que a sociedade, o poder público está fechando os olhos, esquecendo
que, a vida gira e hoje você pode estar bem, mas amanhã pode estar vivendo um
drama parecido ou igual.
Ontem à noite, saí para dar uma volta pelo centro da cidade,
não era tarde. Sentei em um banco da praça e fiquei olhando as pessoas indo e
vindo, principalmente essa turma jovem, cheia de energia, com olhos atentos.,
cheias de sonhos.
De repente passou por mim umas crianças, nem vou chamar de
adolescentes devido ao tamanho delas. Eram exatamente seis. Eles foram para um
lugar afastado, bem iluminado, eles não estavam escondendo de mim, estavam se
lixando para quem os estavam observando. Se encostaram em uma pilastra,
ascenderam um cigarro de maconha e ficaram passando de um a um, uns davam
gargalhadas, outro parecia experimentar a primeira vez, olhos voltados para
ele.
Aquela cena me incomodou demais, senti uma impotência por
não poder fazer nada. Procurei por um policial, talvez ele pudesse fazer algo, eram
crianças brincando de gente grande, correndo risco. Hoje é a maconha, amanhã
será crack. Comecei a pensar alto: onde estão os pais dessas crianças?
Alguém ao meu lado disse que eu não poderia fazer nada, que
não posso mudar o mundo, que eu não era familiar de nenhum deles. Olhei bem
para aquele cidadão e mais uma vez pensei, só que dessa vez nada falei: se o
mundo pensar como ele esse problema nunca vai acabar.
Senti uma dor tão grande por elas, afinal não sabem a
dimensão do problema que estão procurando. Percebi que algumas delas pareciam
muito bem resolvidas, com tão pouca idade já tendo acesso fácil as drogas e
ainda levando os amigos, nem chamaria assim, diria colegas.
Não consegui permanecer ali, levantei ainda olhei novamente
para eles que já haviam saído do lugar que estavam. Pensei novamente nas mães,
que deveriam pensar que seus filhos estavam passeando apenas. Depois disse para
mim mesma: criança deveria sair de casa
acompanhada dos pais, não com turma. Como podem permitir que eles vivam como
adultos sendo tão crianças? Será que ainda frequentam a escola? Será que dão
satisfação para os pais ou simplesmente seus pais já desistiram deles, de sua educação,
de ensinar-lhes valores?
Pois é. Enquanto fico aqui triste e decepcionada por ver
nossas crianças tão vulneráveis eles continuam por aí, usando suas drogas,
desafiando a vida.
PAIS: NÃO DESISTAM DE SEUS FILHOS.
Márcia Coutinho
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