Sempre ouvia dizer que o medo nos faz ver e ouvir o que não existe. Ele nos assusta, fecha nossa garganta sufocando o grito
Na verdade, qualquer medo não é bom, no entanto o que me assusta é a noite, o escuro. Fico inquieta a procura de algo, como se uma sombra escondesse o que tanto temia.
Evito ficar sozinha. Muitas vezes minha própria companhia não é suficiente para me passar confiança. Fecho portas, janelas, cortinas e fico quieta, evitando sair do lugar. A isso dou o nome de pânico.
A alguns anos atrás fui diagnóstica com síndrome do pânico. Realmente foi a constatação que eu não estava nada bem e precisava de ajuda.
Quantas vezes dirigindo eu parava o carro para fechar as janelas e travar as portas, olhava sem parar pelo retrovisor. Antes que algo pior acontecesse, parei de dirigir.
Eu venci esse pânico constante mas o medo de ficar sozinha e da noite permaneciam.
Aos poucos venho enfrentando cada um deles. Não é um processo fácil e rápido. A minha sorte é sempre ter alguém ao meu lado e, quando precisa já fico sozinha e encaro a noite.
Ainda bem que já consigo distinguir o imaginário do real, coloco a cabeça no travesseiro e durmo. Eu sei que meu Deus não me abandona nunca.
Sabe, pensei que esse dia nunca chegaria.
Márcia Coutinho
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