Sei que é um assunto delicado e também polêmico.
Adotar é um ato de amor, uma escolha. Por que resolvi dizer sobre isso hoje? De alguma maneira esse assunto entrou em minha vida muito cedo e de duas maneiras com dois finais bem distintos.
Um não vou citar nome pois me dói. O outro posso falar nome e sobrenome pois é exemplo de amor e gratidão.
Muito nova, aos 14 anos caiu como paraquedas em meu lar uma criança. A princípio eram poucos dias, a mãe continuava hospitalizada após o parto .
Me encantei com a menina. De repente me vi irmã, mãe. Me desdobrava entre os cuidados com ela e meus estudos. Na hora de dormir era no meu cantinho que descansava sempre segurando na minha orelha
Mostrava aquele bebê como um presente que a vida me dera. O tempo passou e cada vez mais me apaixonava. Sua mãe saiu do hospital depois de meses e nossa menina não se adaptou ao seu lar.
Dividia seu tempo entre as duas casas, até que ficou definitivamente em nosso lar
Hoje, depois de tantos anos não reconheço essa criança. Tudo que fiz por amor se foi. Se tornou uma pessoa que não encontro palavras para descrever, talvez cruel pois vem me traindo, apunhalando pelas costas, mentindo.
Isso depois de eu tê-la tirado de tantas confusões, de tê-la apoiado sempre. Isso foi o que ganhei por amar demais
Nem por isso desencorajo quem queira adotar. Eu tive o azar de não enxergar a péssima índole dela, mesmo sabendo como era o seu berço, seu histórico familiar.
Amanhã contarei a outra experiência de adoção pertinho de mim. Contarei do Cacá, o amor de menino, o grande homem de bem que se tornou.
Duas crianças adotadas tão próximas, duas histórias onde amar tem dois significados tão diferentes
Márcia Coutinho
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