Às vezes pecamos pelo excesso, afinal tudo que é demais sobra. Percebi que ao dar amor demais à aquela menina que hoje já é uma mulher de 43 anos, casada, mãe, não criei uma pessoa do bem; criei uma erva daninha
Mas o Cacá foi tudo diferente. Desde a forma de sua adoção até os dias de hoje
Minha tia já era mãe de uma adolescente e ouviu na rádio local que estavam dando um bebê, ela não pensou duas vezes, nem consultou meu tio que estava viajando, ele era caminhoneiro na época.
Logo ligou e foi busca-lo no hospital. Deu a ele seu sobrenome. Tudo dentro da lei.
Aquele menino era frágil demais, pequenino, o médico deixou claro que teria pouco tempo de vida. Ele só não contava que nosso Cacá era um pequeno guerreiro e queria viver.
Foi cercado de muitos cuidados e muito amor. Ele tinha uma missão: trazia luz, era um ser abençoado que com o passar dos anos nos mostrou que era especial.
Especial na sua forma de ser. Carinhoso, cuidadoso, mas que tem suas limitações. É interessante ver como cuida da casa, do galinheiro e das plantas, das pessoas
Não sabe contar mais do que até dez, mas sabe comprar o pão e não vem sem o troco. Não sabe olhar as horas mas sabe o momento certo do almoço, do café da tarde e de molhar o " pé de jaboticaba".
Tem resposta pra tudo, às vezes até nos faz rir com seu jeito peculiar de responder. Tem jeito com a arte, faz tapete de retalhos, tem um colorido de dar inveja.
Como todos está envelhecendo, só não pode falar pra ele, fica bravo e dá uma daquelas respostas. É o xodó de todos. É um exemplo de simplicidade e carisma. Sabe amar de uma maneira gostosa.
Não nos olha nos olhos, não gosta de abraços mas gosta de receber atenção. É muito agradecido e nós que convivemos com o Cacá sabemos que ele é a pureza aos 47 anos de vida.
Ele sim, foi um presente de Deus em nossas vidas. Existem muitos outros Cacá por aí, que tem gratidão por serem filhos escolhidos.
Se optar por adorar, que tenham muitas alegrias e sobretudo, que recebem gratidão pelo ato de amor.
Márcia Coutinho
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