Com grande expectativa começo a arrumar as coisas, embalar
com cuidado tudo que tenho.
No entanto, é preciso abrir gavetas e vasculhar caixas. Esse
é um processo que gosto, afinal em toda mudança deve haver uma limpeza das
coisas que estão engavetadas ocupando espaço.
Entre tantos guardados desnecessários me deparei com tantos
recibos, papeis de bala, contas antigas, bilhetes, cartões antigos de apostas e
algumas fotos: umas bem antigas e outras nem tanto.
Começava ali uma viagem a um tempo que se passou a alguns
anos atrás. Como rasguei papéis! Percebi também que os valores de algumas
contas comparadas às de hoje parecem irreais.
Depois que me desfiz de muitos papeis era chegado a hora de
desfazer de algumas peças de roupas. Parece que andei ganhando uns quilinhos. Outras
roupas poderiam ser doadas, estavam em bom estado, mas já não faziam parte do
meu estilo.
É interessante observar o quanto somos apegados. Tantos papeis,
tantas roupas que já não precisavam ser guardadas, quantas histórias estavam
ali apenas enchendo caixas e gavetas!
Assim somos nós com as pessoas: mesmo sabendo que elas nada
acrescentam em nossas vidas, insistimos em mantê-las no nosso convívio. Cortar esses
laços são necessários, mesmo que nos doa a princípio. Não podemos carregar em
nossas costas quem se tornam pesos.
Insistir naquilo que não está dando certo, é marcar bobeira,
é um atraso de vida. Precisamos aprender a desfazer, a gostar mais de nós
mesmos, a ter ao nosso lado pessoas de bom humor, de bem com a vida, que não
nos causam problemas, que saibam nos ouvir e também a falar no tempo certo.
Se já está tão complicado a vida sem grandes pesos, porque
colocar mais peso em nossa bagagem de vida?
Márcia Coutinho
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