Hoje serei a personagem do meu texto. É algo que preciso
compartilhar com vocês, uma experiência que venho vivendo e está longe de
chegar ao fim.
Começando mais uma semana e sem saber que rumo tomarei. Estou
realmente exausta. Já não sei como agir e por isso tenho lido e procurado
insistentemente por ajuda e orientações. Não é nada fácil lidar com a depressão
do companheiro. Tudo que se faz por ele parece pouco, já que não consigo enxergar
se estou acertando.
Por muitas noites fiz o meu marido dormir, embalei em meus
braços, acalmei, sussurrei palavras de carinho e apoio. Pensei que seria o
suficiente, mas não, no outro dia a tristeza continuava em seu olhar. Percebia que
a solidão para ele naquele momento era um monstro e que ele não estava
conseguindo lidar.
Enfrentei muitos dias e noites com o choro na garganta,
precisava ser forte. Sabia que eu somente eu poderia fazer alguma coisa. Quantas
vezes pedia para que ele aceitasse se tratar. Sozinho não conseguiria. Depois de
muita luta; enfim consegui que ele procurasse um especialista. Sentia-me cada
dia mais sozinha, enfraquecida.
Ouvir falar da vontade de se matar, de não sentir alegria
nem vontade de viver, doeu muito. Precisava de mais força. Busquei muitas
informações. Acabei esquecendo de mim.
Não estou conseguindo de maneira nenhuma vencer tantas
barreiras! Estou fazendo de tudo que me aconselham: dou esperança, eu e meus
filhos nos unimos ainda mais para que ele perceba que tem uma família que o
apoia e quer vê-lo melhor. Cada passo que acreditamos que demos para frente, na
verdade estamos damos dois para trás.
Já são quase quatro anos de uma luta por dia. Tem dias que
bate um desespero e acreditem: estou por desistir. Quantas vezes sou taxada
como vilã, enfrento as fúrias em seus momentos de surto, ouço barbaridades,
acusações. Sou desprezada,
desrespeitada, mas relevo; afinal ele está doente.
Será que daqui um tempo essa tristeza e desesperança que
hoje tenho em meu peito não pode vir a ser uma depressão? E aí, quem vai cuidar
de mim?
Se você passa por algo como eu, vamos nos unir e dividir
nossas experiências. Talvez assim uma dá força para outra e que a luta
continue. Até onde der as nossas forças.
Márcia Coutinho
0 comentários:
Postar um comentário